Num post anterior vimos que a Via Óctupla se organiza em três grupos:
Neste post falaremos um pouco desta divisão e do seu significado.
À primeira vista, nada há de incorrecto em considerar que a Via Óctupla é o que é e que não necessita de organização ou de muita explicação e isso é particularmente verdadeiro quando se consideram os praticantes mais familiarizados com o Zen. Ainda assim, é sempre útil rever estes aspecto mais elementares do Budismo para se ter uma prática mais informada.
De acordo com esta classificação tripartida, a Sabedoria reflecte os tipos de acções relacionadas com a nossa vida em sociedade, não só em relação a outros Budistas mas, literalmente, em relação ao mundo em nosso redor. Assim, é fácil compreender que a visão correcta nos permita considerar que nada à nossa volta tem natureza própria, que nada é independente, que há sempre uma outra perspectiva para além da nossa e que o nosso ego não é o rei do universo. Compreendemos também que ter uma intenção correcta é essencial a mantermos uma presença harmoniosa na sociedade, que uma intenção correcta se traduz numa "boa intenção", o que no Budismo é enunciado como "não fazer mal" e depois, mais activamente, "fazer o bem". Ainda de acordo com esta divisão, a Moralidade relaciona-se com a nossa postura individual, com uma colecção elementar de regras para conduta correcta: o discurso correcto tem a ver com falar para comunicar em vez de falar só pelo prazer de falar, com dizer a verdade e manter uma comunicação positiva, evitar maldizer seja o que for ou quem for, etc. Acções correctas têm a ver novamente em não só não se fazer mal, como se buscar activamente fazer bem; o Budismo não prescreve um código rígido de conduta: cada um de nós tem que saber o que é bom e o que é mau e agir de acordo com esses conceitos. Isto não quer dizer que o Budismo encorage o desenvolvimento de códigos de conduta pessoais mas sim que há inúmeras excepções no que se considera uma acção positiva e que cada um de nós tem a habilidade e a obrigação de fazer a distinção apropriada. O viver correcto tem a ver com a nossa conduta diária, com a maneira como nos portamos e conduzimos a nossa interacção com as outras pessoas e com o mundo à nossa volta. No Zen, e mais particularmente na nossa seita LinJi, o viver correcto tem a ver com o exercício constante da atenção, com o nosso esforço constante de estarmos presentes a cada momento e cientes de tudo o que se passa connosco e ao nosso redor.
Finalmente, a Concentração ou Meditação está relacionada com a nossa postura em relação à nossa mente e à maneira de a cultivarmos. Esforço, atenção e concentração são aspectos essencias da nossa prática mental, são elementos que temos que aplicar constantemente na nossa meditação. O esforço correcto é particularmente interessante porque ilustra o êmfase que o Budismo Zen põe em escolher sempre a opção mais equilibrada: esforço correcto tem a ver só mesmo com o que nome diz, ao contrário de fazer o mínimo possível ou de praticar constantemente para além do que seja razoàvel, o Budismo requer que cada um de nós faça sempre um esforço adequado à situação, isto poderá por vezes corresponder a um esforço grande a outras vezes a um esforço pequeno mas o que é importante é que exercitemos o nosso julgamento e senso comum em determinarmos qual é a medida correcta de esforço que temos que aplicar a cada situação.
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